terça-feira, 8 de novembro de 2011

Deficiência do Ensino Jurídico

Olá colegas!!
Na condição de primeira postagem deste blog, decidi compartilhar um pouco do que sinto, das minhas percepções acerca do ensino jurídico atual.
Por vezes, imaturamente, achamos que ao sairmos da faculdade, estaremos capacitados para exercer a nossa profissão com competência. É quando então, percebemos que a competência será firmada não pelo que aprendemos, mas pelo que vamos aprender. Você pode ser um aluno excelente na faculdade, que assimila conteúdos facilmente mas, na vida profissional, nem tão competente assim.
Isso porque o que faz você ser competente não é tanto a sua inteligência, mas a sua garra, a sua vontade de crescer, as coisas que você aprende da vida.
Não posso falar em relação a outras profissões mas, especificamente com Direito, essa realidade é tão severa! Isto porque para nós, a teoria é um pouco distante da prática, é aquela conversa, "na prática, a teoria é outra".
Os núcleos de prática jurídica não são tão abrangentes e por isso, na minha concepção, ensinam pouco. Há faculdades que nem núcleos de penal, por exemplo, têm. Também não temos núcleo de tributário e não aprendemos processo administrativo tributário - pessoas mais humildes, que necessitam de assistência judiciária gratuita também têm suas demandas fiscais. Não temos ainda núcleo de previdenciário, por exemplo. Opa, não temos não. Na minha faculdade, com exceção do  núcleo de penal, estes outros citados, eu não tive.
Devíamos aprender, também na faculdade, as matérias profissionalizantes e não só as teóricas. Sou totalmente a favor das oficinas profissionalizantes e da instauração de residência jurídica para os cursos de Direito.
Direito também deveria ter uma matéria voltada para a área de marketing porque o advogado trabalha e se promove, sobretudo, com marketing pessoal. Há tantos nem tão competentes, mas tão habilidosos em se promover, atuando no mercado...
O advogado deve saber se vestir, deve ser polido, deve saber se portar porque o seu cliente analisa tudo isto. É mais ou menos assim, como disse um professor meu: você vai confiar em um médico que utiliza jaleco sujo, cujas paredes do consultório estão respingadas de tinta e suas unhas sujas? De jeito nenhum! O que você vai fazer, provavelmente, é sair correndo. 
O mesmo se dá com o advogado. Qual cliente pode confiar uma causa sua à um advogado que não lhe inspira credibilidade? Lembremos que a relação do advogado com seu cliente é bastante íntima, afinal, este confia em você para representá-lo em juízo e fora dele, ele outorga a você plenos poderes até para transacionar por ele. Você fala por ele, você representa o interesse dele e é em você que ele deposita a esperança de ver dirimido seus conflitos (muitas vezes pessoais) e contenciosos. Ainda que você não tenha obrigação de fim, é em você que o cliente confia para ter sucesso na causa dele. A demanda que você ora representa por ele, caso seja bem sucedida, poderá mudar a vida dele, não só do ponto de vista financeiro, mas afetivo, familiar, religioso, sexual.... enfim, só vai depender da natureza da demanda. Entendeu agora a responsabilidade?!! 
Mas, voltando ao assunto da etiqueta, eu não estou pretendendo dizer que, em nome da aparência, você "viva de aparência", sustente uma pessoa que não pode ser. Não se trata disso porque não se fala aqui do vazio de alma vivido por algumas pessoas, independente da área que atuem. Mas, é certo que a boa aparência é fundamental para a vida do advogado.
Nesse sentido, agora voltando à deficiência do ensino jurídico no país, é que tal conduta deveria ser passada para os futuros profissionais de Direito. Deveria fazer parte da grade curricular do ensino jurídico e não ficar a cargo apenas dos professores sensíveis - até porque a maioria, chega e literalmente, à despeito do vocabulário parco, "cospe" o assunto. Mestres que humanizam e preparam para a vida, são cada vez mais raros.
Por fim, a faculdade de Direito também não ensina a montar um escritório. Não ensina a providenciar toda a parte documental necessária à abertura da sua empresa, não ensina a administrar sua empresa. Isso você aprende só ou, se for sortudo, com algum amigo seu que não tenha medo de te "mostrar o ouro", que não te enxergue como concorrente. Ah, pode ser também aquele professor, que ainda te veja como aprendiz e não só como"colega". Será que meu avô tinha razão ao dizer que "o seu maior inimigo é o seu amigo da arte". Mas, no tocante a este aspecto específico, só mesmo a vida poderia te ensinar.
Desabafo né?! É uma das intenções do blog mesmo. Mas, antes de desabafo, espero que sirva também de reflexão para aqueles que de alguma forma, podem gerir a educação ou sugerir medidas a serem adotadas pelo ensino jurídico do país e que um dia, quem sabe, leiam esta postagem... afinal, tá na net, vazou!! Estamos à vista!
O que vocês acham?! Falei besteira?! É uma opinião!
Beijos!!

Um comentário:

  1. Adorei, na verdade, o que ensina mesmo é a vida, a faculdade é apenas uma facilitadora! Parabéns!

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